Derrite realiza mudanças na Polícia Civil em meio à crise na segurança pública de São Paulo
Derrite responde à crise com novas nomeações e reestruturação em setores-chave da segurança pública de SP.
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou mudanças em setores-chave da Polícia Civil, em resposta à crescente pressão devido a casos de violência policial e investigações envolvendo agentes afastados.
Trocas Estratégicas na Polícia Civil
As alterações incluíram a nomeação de novos chefes para departamentos importantes, como o Dipol (Departamento de Inteligência da Polícia Civil) e o Dap (Departamento de Administração e Planejamento). Apesar das mudanças, cargos de alto escalão, como o delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Cássio Araújo de Freitas, foram mantidos.
Fontes da Secretaria minimizaram as substituições, afirmando que são procedimentos rotineiros realizados a cada dois anos. No entanto, essas decisões ocorrem em um contexto de insatisfação dentro da corporação, com críticas à gestão de Derrite e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) por questões como a valorização desigual entre as polícias Militar e Civil e disputas sobre mudanças estruturais.
Nomeações Recentes
Entre os principais nomes escolhidos, destacam-se:
- Flávio Ruiz Gastaldi: antes delegado seccional de Praia Grande, agora no Deinter-6, em Santos.
- Luiz Carlos do Carmo: assume o Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), anteriormente no Deinter-6.
- Julio Gustavo Vieira Guebert: passa a liderar o Departamento de Administração e Planejamento (DAP).
- Marcelo Jacobucci: assume o Departamento de Inteligência (Dipol), anteriormente na Divisão de Investigações Gerais (DIG).
Escândalos e Problemas Recentes
Em meio às trocas, a Secretaria enfrenta repercussões de escândalos envolvendo membros da corporação:
- Em 2024, o delegado Fabio Pinheiro Lopes, conhecido como “Fabio Caipira”, foi afastado do Deic após denúncias de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).
- Na sequência, Rosemeire Monteiro, corregedora-geral da Polícia Civil, pediu afastamento após seu sobrinho ser investigado por ligações com o PCC.
Mais recentemente, a delegada Maria Cecília Castro Dias, titular do 77º Distrito Policial, foi afastada sob suspeita de envolvimento em um esquema de desvio e venda de drogas apreendidas.
Violência Policial em Destaque
A crise na segurança também é alimentada por casos de abuso policial que ganharam destaque no final de 2024, como:
- A morte de uma criança de 4 anos na Baixada Santista.
- O assassinato de um estudante de Medicina em um hotel na capital.
- Um policial flagrado arremessando um homem de uma ponte.
Esses episódios intensificaram a pressão sobre a gestão de Derrite e colocaram as ações da polícia sob maior escrutínio.
Trocas na Baixada Santista
A região da Baixada Santista também foi alvo de mudanças estratégicas devido ao histórico de operações intensivas, como as ações “Escudo” e “Verão”, realizadas entre 2023 e 2024. Ambas tiveram como justificativa o combate ao tráfico de drogas, mas resultaram em denúncias de abusos e mortes, além de atritos com órgãos de fiscalização como o Ministério Público e a Ouvidoria das Polícias.
O Tribunal de Justiça tornou réus dois agentes da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) por suspeita de forjar confrontos em operações na Baixada. O governo estadual nega os abusos e afirma investigar os casos.
As mudanças anunciadas por Derrite refletem um esforço para restaurar a confiança na segurança pública, mas o impacto das ações ainda é incerto diante do clima de insatisfação e das denúncias persistentes.
Por: ISTO É
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