Debate em SP discute criação do Memorial DOI-Codi
Entidades defendem transformação do local em espaço de memória e educação em direitos humanos
A proposta de criação do Memorial DOI-Codi foi tema de um workshop realizado em São Paulo neste sábado (15). O evento reuniu especialistas, representantes da sociedade civil e do Ministério Público para debater a importância da transformação do antigo centro de repressão em um espaço de memória.
Subordinado ao Exército, o DOI-Codi operou entre 1969 e 1982 na Rua Tutóia, no bairro do Paraíso, sendo o maior centro de tortura do país durante a ditadura militar. No local, que atualmente abriga uma delegacia de polícia, foram cometidas graves violações de direitos humanos, incluindo o assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.
Memória e reparação histórica
Movimentos sociais reivindicam há anos que o local seja convertido em um memorial dedicado à reflexão sobre os abusos da ditadura. Em 2014, o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) tombou os prédios do complexo, mas a implementação do memorial ainda não ocorreu.
Para o procurador Eduardo Valério, a transformação do espaço é uma questão de compromisso com a história e a educação. “Se o Estado foi capaz de criar centros de tortura, deve também ser capaz de criar centros de memória e direitos humanos”, afirmou.
Impasses na implementação
Em 2021, o Ministério Público de São Paulo ingressou com uma ação civil pública solicitando que o governo estadual transferisse o prédio para a Secretaria de Cultura, viabilizando a criação do memorial. No entanto, o processo está suspenso devido à falta de acordo com a administração estadual.
A secretária de Cultura de São Paulo, Marília Marton, declarou ser contrária à proposta, alegando que a cidade já conta com o Memorial da Resistência e que a criação de um novo espaço implicaria custos adicionais ao governo.
Enquanto o memorial não sai do papel, o Núcleo de Preservação da Memória Política promove visitas guiadas ao local e realiza manifestações culturais em homenagem às vítimas da ditadura. Segundo Maurice Politi, fundador da entidade, cerca de 700 pessoas participam anualmente dessas atividades.
“Se o Estado não fizer nada, continuaremos a dar visibilidade ao local”, reforçou Politi.
Acompanhe diariamente as principais notícias de Guarulhos em nosso site e mantenha-se informado sobre tudo o que acontece na cidade.
Redação JBR News
Créditos: Agência Brasil
Publicar comentário