“Não puderam impedir”

“Trataram de transformar a juramentação da Venezuela em uma guerra mundial, mas esta posse venezuelana constitucional não puderam impedir. É uma grande vitória da democracia venezuelana e do nosso povo”, afirmou Maduro em tom desafiador.

A oposição, liderada por Edmundo González, acusa o governo de fraude nas eleições de julho de 2024, nas quais Maduro venceu com 51,9% dos votos contra 43,1% de González. Apesar das denúncias, os resultados foram ratificados pelo Judiciário venezuelano, enquanto diversos países e organismos internacionais questionaram a falta de transparência no processo.

Protestos e Humor no Discurso
Maduro não deixou de ironizar os opositores durante seu discurso. Referindo-se ao candidato Edmundo González, que prometeu intervir na posse mas não compareceu, Maduro brincou: “Chegou Edmundo? Peguem-no! Peguem o pataruco! Estou nervoso”, arrancando risadas dos presentes. González, atualmente exilado na Espanha, é alvo de um pedido de prisão por conspiração contra as instituições.

Enquanto isso, atos da oposição nas ruas de Caracas reuniram milhares de manifestantes contrários à posse. A prisão temporária da oposição Maria Corina Machado, que foi posteriormente desmentida, também gerou grande repercussão e aumentou a pressão internacional contra o governo.

Reforma Constitucional e Novos Rumos
Em seu discurso, Maduro anunciou uma reforma constitucional ambiciosa, prometendo atualizar a Carta Magna de 1999. Ele destacou a necessidade de adaptar a Constituição às “novas ameaças tecnológicas” e construir uma “sociedade humanista e democrática”.

Ainda nesta sexta-feira, Maduro assinou um decreto para a criação de uma Comissão Ampla Nacional de Elaboração do Projeto de Reforma Constitucional, que, segundo ele, envolverá diversos setores da sociedade.

Desafios do Terceiro Mandato
O novo mandato de Maduro começa em um cenário de relativa recuperação econômica, após anos de hiperinflação e uma contração histórica do PIB. Em 2024, a Venezuela registrou crescimento de 6,2%, segundo a Cepal, e índices de inflação mais controlados. No entanto, salários baixos e um êxodo de mais de 7 milhões de venezuelanos ainda são marcas profundas da crise.

Reação Internacional
A posse de Maduro foi acompanhada por delegações de 125 países, incluindo aliados históricos como Cuba, Rússia e China. Entretanto, países ocidentais e organismos internacionais continuam a questionar a legitimidade do processo eleitoral e a acusar o governo de Caracas de repressão à oposição.

Conforme reportado pela Agência Brasil, com um discurso marcado pela reafirmação de soberania e desafios à oposição interna e externa, Maduro inicia um novo capítulo em sua liderança, prometendo transformar a Constituição e consolidar sua visão de uma “Venezuela humanista”. O mundo agora aguarda como esses planos se desdobrarão em meio às tensões políticas e aos desafios econômicos do país.