Ministério Público do Trabalho investiga confecção após incêndio grave
O Ministério Público do Trabalho (MPT) iniciou uma investigação sobre as condições de trabalho na fábrica Maximus Confecções, atingida por um incêndio no bairro de Ramos, na zona norte do Rio de Janeiro. A confecção, especializada na produção de fantasias para escolas de samba, não possuía autorização dos bombeiros para operar.
Contexto do Incidente
O incêndio, ocorrido nesta quarta-feira (12), mobilizou o Corpo de Bombeiros, que socorreu 21 pessoas, sendo que 11 estão internadas em estado grave. Não houve vítimas fatais, mas o local foi interditado pela Defesa Civil enquanto a Polícia Civil apura as causas do acidente.
Condições de Trabalho Questionadas
Funcionários relataram que trabalhavam em turnos extensos, frequentemente dormindo no local para atender à demanda de produção. Raiane, uma funcionária, confirmou a prática:
“A gente estava dormindo porque, como estamos fazendo fantasia de carnaval, fomos dormir tarde.”
Moradores vizinhos, como Marilúcia Blackman, também destacaram a rotina exaustiva da fábrica:
“Eu vejo da minha janela, 24 horas por dia, eles estão ali trabalhando.”
Indícios de Trabalho Degradante
O MPT investiga denúncias de práticas trabalhistas irregulares, incluindo relatos de trabalho análogo à escravidão e a presença de adolescentes na equipe. Segundo o procurador Artur de Azambuja Rodrigues:
“Os fatos denunciados configuram lesão aos direitos coletivos dos trabalhadores.”
A empresa foi notificada a apresentar documentos como alvarás de funcionamento, programas de segurança e a relação de funcionários, além de relatar as medidas adotadas para atender as vítimas.
Envolvimento das Escolas de Samba
As escolas de samba Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu, que terceirizaram a produção das fantasias para a Maximus, também serão investigadas. O prefeito Eduardo Paes anunciou que, devido ao impacto do acidente, nenhuma escola será rebaixada neste ano.
O presidente da Império Serrano, Flávio França, comentou:
“Nesse primeiro momento, estamos preocupados com a saúde de todos.”
Críticas à Indústria do Carnaval
Especialistas como o pesquisador Fábio Fabato criticaram as condições precárias enfrentadas pelos trabalhadores nos preparativos para o carnaval:
“O carnaval carioca se orgulha como o Maior Espetáculo da Terra, mas muitos trabalhadores ainda enfrentam condições análogas à escravidão.”
A Agência Brasil tentou contato com a Maximus Confecções, mas não obteve resposta.
Créditos: Agência Brasil
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