Em 26 anos, a inflação no Brasil superou a meta oito vezes
Em 26 anos, a inflação no Brasil superou a meta oito vezes
IPCA de 2024 fecha acima da meta e revela desafios para a economia do país
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial da inflação no Brasil, superou o limite superior da meta de inflação por oito vezes desde 1999. O último episódio ocorreu em 2024, conforme revelado nesta sexta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA fechou 2024 com uma inflação de 4,83%, enquanto a meta estipulada pelo governo era de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual, ou seja, de 3% a 4,5%.
A meta de inflação é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda, do Planejamento e pelo presidente do Banco Central (BC). A política monetária que visa alcançar essa meta é coordenada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, que utiliza a taxa Selic para controlar a inflação.
Taxa Selic: principais efeitos na economia e no controle da inflação
Atualmente, a taxa Selic está fixada em 12,25% ao ano, com a expectativa de novos aumentos nas próximas reuniões do Copom. O aumento da Selic torna os empréstimos mais caros, o que ajuda a reduzir a atividade econômica e, por conseguinte, os preços. Contudo, essa estratégia pode desestimular investimentos e afetar a criação de empregos.
Entre os fatores que impactaram a inflação de 2024, destacam-se os efeitos de eventos climáticos, a desvalorização do real frente ao dólar e o aumento nos preços das carnes.
Por que a meta de inflação é importante para o Brasil?
A meta de inflação tem como objetivo garantir a estabilidade econômica e criar previsibilidade para famílias, empresas e o governo. Embora seja crucial evitar uma inflação excessivamente alta, uma inflação muito baixa ou a deflação também é prejudicial à economia, podendo desencorajar o consumo e afetar negativamente o crescimento econômico.
Cartas abertas: explicando os descumprimentos da meta de inflação
Quando a inflação ultrapassa a meta, o presidente do Banco Central deve publicar uma carta aberta ao ministro da Fazenda, explicando as causas do descumprimento, as ações planejadas para restaurar a estabilidade de preços e os prazos para resultados. No caso de 2024, o BC atribui a alta inflação à valorização do dólar, aumento das commodities e o aquecimento da economia.
Historicamente, além de 2024, o Brasil não cumpriu a meta em outros anos, como 2001, 2002, 2003, 2015, 2017, 2021 e 2022. Em 2002, por exemplo, o IPCA alcançou 12,53%, o maior índice desde a implantação do regime de metas.
Mudança no regime de metas de inflação para 2025: “meta contínua”
A partir de 2025, o regime de metas de inflação será modificado, e a meta será apurada ao longo de 12 meses. Esse novo modelo, denominado “meta contínua”, permitirá que o BC avalie a inflação de forma mais flexível, considerando flutuações temporárias nos preços, como choques alimentares.
O novo sistema vai evitar que o Banco Central seja penalizado por variações temporárias da inflação, como ocorreu em 2024, quando o IPCA apresentou picos e quedas. A meta de inflação para 2025 continua fixada em 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
Créditos: Agência Brasil
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